A cultura do estupro (2)

No dia 25 de janeiro de 2023, publiquei um post denominado “Cultura do Estupro...” (link aqui). Nesse texto, expliquei sobre violência sexual, citei duas notícias em destaque na época e refleti sobre a sociedade patriarcal e a cultura machista que ainda moldam nossas relações sociais. Também mencionei o caso de Daniel Alves, assunto que, um ano depois, voltou ao centro das discussões.

Nas últimas semanas, dois casos voltaram a ocupar as capas dos jornais e se tornaram novamente temas de debate: os dos ex-jogadores de futebol Robinho e Daniel Alves.

Daniel Alves cometeu estupro em uma boate, em dezembro de 2022. Foi preso e aguardou seu julgamento. Em fevereiro, após a apresentação das provas e depois de mudar sua versão cinco vezes, ele foi condenado com base na lei do “Só o Sim é Sim” — algo celebrado pelo movimento feminista e por qualquer pessoa com um mínimo de consciência.

Porém, para a indignação geral, apenas um mês após a condenação, surgiu a possibilidade de Daniel Alves ter sua fiança paga no valor de 1 milhão de euros (cerca de 5 milhões de reais). Antes mesmo da condenação, o pai de Neymar havia ajudado Daniel no pagamento de uma indenização à vítima, o que contribuiu para a redução de sua pena de 9 para 4 anos.

Analisar esse caso é revoltante e evidencia como a luta das mulheres é exaustiva. Sempre que parece haver um avanço em direção a uma justiça efetiva, nos deparamos com retrocessos, como a possibilidade de liberdade provisória para um homem condenado por estupro.

Apesar disso, a luta e a resistência continuam, pois o silêncio só favorece homens escrotos e nojentos, que se apoiam na impunidade. Mesmo quando damos dois passos para trás, um único passo para frente pode representar uma diferença enorme na vida de muitas mulheres. E esse passo foi dado quando o STJ formou maioria pela prisão de Robinho, também condenado por estupro.

Robinho foi sentenciado a 9 anos de prisão por participar de um estupro coletivo contra uma mulher, em 2013, na Itália. Como o Brasil não possui lei de extradição para seus cidadãos, ele retornou ao país para tentar escapar do cumprimento da pena. Contudo, o cerco se fechou e, agora, chegou a hora de a justiça ser feita — para que ele cumpra sua condenação pelo crime abjeto e nefasto que cometeu.





Última atualização: 21h16min, do dia 22/03/2024.


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