A cultura do estupro...

Recentemente, foi amplamente noticiado em diversos meios de comunicação o caso do anestesista Andres Eduardo Onate Carrillo, preso nesta semana por estuprar duas pacientes durante cirurgias em hospitais no Rio de Janeiro, além de produzir e armazenar material de pornografia infantil.

Segundo a denúncia, o anestesista é acusado de estuprar e filmar duas pacientes em hospitais públicos do Rio enquanto estavam sedadas. Os crimes ocorreram em 2020 e 2021. As investigações revelaram ainda que ele armazenava mais de 20 mil arquivos de pornografia infantil.

O delegado responsável pelo caso, Luiz Henrique Marques, destacou a gravidade:
"Tenho muita experiência em investigações de crimes dessa natureza. Mas, especialmente sobre esse caso, nunca vi algo tão violento, tão cruel. Não só pelo armazenamento dos vídeos, com conteúdo extremamente agressivo, mas também pela violência contra as vítimas submetidas aos cuidados do profissional, que se aproveita do momento de vulnerabilidade para cometer abusos" (Fonte: Correio Braziliense).

Esse caso, somado a tantos outros que já conhecemos, evidencia de forma contundente a existência da cultura do estupro. Aqui, em específico, não vimos — pelo menos até o momento — comentários sexistas culpando a mulher. No entanto, em inúmeras outras situações, quando mulheres denunciam estupro, assédio ou abuso sexual, a sociedade frequentemente as julga com veemência, atribuindo responsabilidade à roupa, ao horário em que estavam na rua ou a outros argumentos machistas e desumanos.

É fundamental compreender que consentimento é a chave para diferenciar uma relação sexual de um estupro:

  • Relação sexual ocorre quando há consentimento entre ambas as partes.

  • Estupro ocorre quando há imposição, coação, violência física ou psicológica, sem o consentimento da vítima.

Quando entendemos essa diferença, percebemos que muitas histórias próximas a nós — talvez até de pessoas queridas — são, na verdade, relatos de violência sexual, ainda que a própria vítima não tenha reconhecido dessa forma no momento.

Um exemplo comum: homens que se aproveitam do fato de a parceira estar embriagada para forçar a relação. Em outros casos, a mulher inicialmente consente, mas depois pede para interromper o ato e não é respeitada — o que também configura estupro. Há ainda situações em que a mulher é obrigada a manter relações por meio de força física ou abuso psicológico. Em todos esses cenários, trata-se de violência sexual.

A cultura do estupro se manifesta em propagandas, filmes, livros, novelas e outras mídias que objetificam a mulher. Por isso, diante de casos como o do anestesista ou de outros famosos, precisamos ter claro: a culpa nunca é da vítima. O único responsável é o agressor. Culpar a roupa, o horário ou qualquer outro detalhe é, no mínimo, má-fé e machismo explícito.

Como complemento, vale lembrar o caso recente do jogador Daniel Alves, preso por abuso sexual. Mesmo com todas as evidências contra ele, e após mudar sua versão diversas vezes, ainda houve quem o defendesse — inclusive companheiros de seleção, que optaram pelo silêncio cúmplice. Isso evidencia, mais uma vez, o quanto a CULTURA DO ESTUPRO EXISTE e o quanto é urgente promovermos uma reeducação social sobre o tema.

Chega de defender abusadores. Chega de passar pano para a violência.

Seremos resistência sempre!





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