O 8 de janeiro e o ataque à democracia brasileira
No domingo, dia 8 de janeiro de 2023, exatamente dois dias após o segundo aniversário da invasão ao Capitólio, nos Estados Unidos, por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, o Brasil assistiu a um episódio igualmente sombrio. Terroristas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro — derrotado nas urnas em 30 de outubro de 2022, quando Luiz Inácio Lula da Silva conquistou a maioria da população com cerca de 60 milhões de votos — invadiram as sedes dos Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Durante os atos, foram depredados patrimônios históricos, quebradas vidraças, cadeiras e mesas, além da destruição de veículos oficiais — incluindo um carro da Polícia Federal, que foi derrubado no Lago Paranoá.
Esse caso chama atenção para uma contradição gritante: quando professores e estudantes protestam pacificamente por seus direitos e por melhorias na educação, a polícia reage com extrema violência. O mesmo ocorre quando outros grupos marginalizados se mobilizam contra desigualdades. Nesses contextos, a repressão é dura, violenta e desproporcional. No entanto, quando terroristas golpistas atacaram a democracia, houve omissão, conivência e até colaboração de setores da segurança.
A imagem de grupos marginalizados sendo reprimidos violentamente em manifestações pacíficas ilustra essa realidade: a polícia, em muitas situações, atua de forma seletiva e autoritária. É importante destacar que não defendo a violência contra essas pessoas que participaram dos atos antidemocráticos, mas critíco aqui um padrão de atuação que se mostra fascista e desigual.
Os atos do dia 8 de janeiro foram financiados por empresários e apoiadores da extrema-direita, que bancaram a permanência de golpistas em frente a quartéis pedindo intervenção militar. Esses mesmos indivíduos, que gritavam “o supremo é o povo”, foram incapazes de respeitar a decisão democrática de mais de 60 milhões de brasileiros que elegeram Lula para seu terceiro mandato — feito inédito na história do país.
Protestar e demonstrar insatisfação são direitos legítimos e naturais em uma democracia. Contudo, baderna, destruição, vandalismo e atentados contra as instituições democráticas configuram terrorismo. A liberdade só se sustenta com democracia — e ela não pode jamais ser ameaçada.
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